data-filename="retriever" style="width: 100%;">Ontem, em matéria com destaque na capa, o Diário publicou elucidativa reportagem sobre o problema da coleta seletiva de lixo em nossa cidade, tema que, há já alguns dias, tem sido objeto de debates em razão da incrível falta de educação - e de esclarecimento - da civilizada gente santa-mariense.
É espantoso que em uma cidade como Santa Maria, que se jacta de possuir mais de meia-dúzia de instituições de Ensino Superior, entre as quais duas respeitabilíssimas e qualificadas universidades - Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Franciscana (UFN) -, sem contar as instituições dedicadas ao ensino à distância, que pululam em nosso espaço urbano, e com vasta rede educacional nos ensinos Fundamental e Médio, não se consiga implantar, com plena efetividade, algo tão simples como a coleta de lixo reciclável.
E não se diga que o problema se deve à localização dos contêineres destinados a tal coleta, pois, pelo que sei, os mesmos não estão alocados nas regiões periféricas de tudo desassistidas, onde grassa a miséria e onde a ausência do Estado indica a perpetuação do desencanto e a falta de qualquer sonho de futuro. Não, os contêineres estão localizados em regiões mais bem aquinhoadas.
Infelizmente, esse desrespeito pelos mais comezinhos princípios de civilidade não é exceção, mas regra em nossa amada Santa Maria da Boca do Monte. Aqui, não se respeitam regras básicas de convivência civilizada no trânsito; aqui se vandalizam equipamentos públicos de uso comum; aqui, sem a menor cerimônia, pichamos o patrimônio público e o privado; aqui, fazemos das calçadas lixeiras a céu aberto. Aqui arrancamos das floreiras, que amenizam a crueza do asfalto e do cimento, as folhagens que as enfeitam e as carregamos como se fossem de nossa propriedade.
Aqui, entupimos nossos córregos e sangas com a desfaçatez que transforma o dano ambiental em plausível solução privada. Aqui, a pretexto de oferecer segurança para o embaraçado de cabos e fios aéreos, que são o retrato pronto e acabado de nosso terceiro-mundismo, violentamos árvores, com podas ridículas que as desfiguram e as cortamos. Aqui, é bonito enfeiar a cidade.
No caso da coleta seletiva do lixo e em outras tantas situações de interesse coletivo, precisamos cobrar também - e fortemente - do poder público municipal e de quantos, por delegação deste, colaboram, por ação ou por omissão, para manter a civilização aquartelada para além da margem direita do Vacacaí-Mirim, ações efetivas para que esse estado de coisas se altere para melhor.
Educação ambiental, campanhas permanentes de esclarecimento, incentivos fiscais e tributários e fiscalização são, exemplificativamente, ações que o poder público municipal pode e deve desenvolver em favor do meio ambiente e, por consequência, em benefício da melhor qualidade de vida de nossa gente.
Todavia, não será com discursos fáceis e demagogia que romperemos a quase intransponível barreira da incivilidade para nos tornarmos, de fato, civilizados cidadãos.